Não acredito que algum esforço da minha vontade possa acabar de uma vez por todas com esse desejo por riscos calculados, essa reserva fatal. Só Deus pode. Tenho fé e esperança que ele o fará. É claro que não acredito que só por causa disso eu tenho o direito de me "encostar", como dizem. O que Deus faz por nós, ele faz em nós. O processo que ele opera parecerá a mim (e não falsamente) o exercício repetido da minha própria vontade em renunciar essa atitude, feito diariamente ou até mesmo de hora em hora, especialmente a cada manhã, porque ela cresce e se estende sobre mim como uma concha todas as noites. As falhas serão perdoadas; o consentimento é que é fatal, a presença permitida e regulamentada de uma área em nós que continuamos a reivindicar para nós mesmos. É provável que, enquanto estivermos deste lado de cá da eternidade, não consigamos expulsar o invasor do nosso território, mas precisamos fazer parte da resistência, e não do governo vitorioso. E essa decisão deve, ao meu ver, ser retomada a cada dia. Nossa oração matinal deveria ser "Da hodie perfecte incipere" - rogo que ne concedas um novo começo sem falhas, já que eu ainda não fiz nada.
-de The Weight of Glory [Peso de Glória], C.S.Lewis